Cadena feminina da Via "Tesouros do A2" na seca

Domingo, dia 04/04, embarquei na aventura de minha 4ª tradicional com Fábio Ivan e os recém casados Joyce Wandermurem e Samuca. A via escolhida foi "Tesouros do A2" - 4º IV+ 225m, em Ibiraçu/ES, acho que a graduação da via era essa mesma, rsrs. Partimos às 7h e tivemos os betas do André Tesourinho (um dos conquistadores da via) na estrada que dá acesso a via. 

Depois de abrir o matagal nos peitos (literalmente), chegamos a base da via, que está sinalizada pelo primeiro grampo que possui uma fita amarela fosforescente. 



Dividimos as cordadas em feminina e masculina, portanto, eu e Joyce, Samuca e Fábio. Comecei guiando para não deixar o medo tomar conta, afinal, era a primeira vez não fazia uma tradicional com alguém beeem mais experiênte. Toquei a primeira enfiada de 30m até a parada e a Joyce fez a segunda, de 60 m, e depois fomos intercalando de 60 em 60 metros. 

Porém, no final da primeira enfiada de 60m os rapazes resolveram descer, o Fábio se sentiu mal por conta da alta temperatura e escassêz de água. Acho que ele sofreu de insolação. Eu também sofri desse mal, mas tive que seguir adiante, pois estava passando o crux com bastante arrastro na corda (tinha umas esticadas gigantes, uma virada de muro e costuras de tamanho médio), sem visualização da seg e sem contato. Tive que me concentrar ao extremo parar em todos os grampos para descansar, me hidratar e sempre visualizando a parada dupla. 
O crux, acima descrito, ainda era composto de regletes e cristais, mas para minha felicidade completa, passei por ele.
Quando a Joyce chegou, pedi que ela continuasse até uma árvore próxima e lá fizesse a ancoragem, essa foi a nossa salvação e onde tivemos a certeza de que os meninos iriam descer. Descansamos alguns minutos na sombra e decidimos continuar, afinal, esse seria o título desse post e tantos outros comentários... cadena da cordada feminina e desistência masculina.
Mas nem tudo são flores, e nem tudo é tão ruim que não possa piorar, a Joyce seguiu para fazer a próxima enfiada e só víamos a parada dupla (supostamente a 30m), ela seguiu, em pêndulo em direção aos grampos. Costurou e seguiu à procura do próximo grampo, mas não via nem a parada nem o grampo, fez a leitura até localizar a parada dupla e montar a equalização para que eu pudesse seguir. Nesse momento, o sol estava castigando ainda mais, a pedra estava quente e os pés inchados na sapatilha, mas consegui chegar até ela, resolvi não parar para descansar para não fritar ainda mais naquele sol. Essa enfiada também não tinha grampos, apenas as paradas duplas para rapelar na descida (a cada 30m, supostamente) e o pior nem as paradas era possível ver, eram esticões muito grandes e com cactos e bromélias no caminho. Mas quando vi a última parada e as árvores próximas, adivinhe... optei pela ancoragem final na árvore, ao lado do livrinho de cume, afinal, já devia passar das 14 horas.
Depois que a Joyce chegou, registramos nossa glória apenas no livrinho de cume (não tínhamos máquina fotográfica e o fotógrafo não estava lá), porém, nele deixamos a observação de que os meninos não completaram a via, bebemos nossos últimos goles d'água e descemos logo, afinal a água tinha acabado, mas a cede não. Fizemos todos os procedimentos do rapel com cuidado e sempre observando a parceira, optamos por rapelar cada uma em uma ponta da corda já que existiam paradas duplas a cada 30 metros.

O último rapel foi no grampo único e dele já gritamos para os meninos de que precisávamos de água, não obtivemos resposta e só entendemos depois... a água tinha acabado para todos.
Adorei a via, a parceira da cordada e a minha superação. Parabéns aos conquistadores Frederico e André (Tesouro e Tesourinho).
Ah! Água não foi problema quando chegamos em Vitória, o dilúvio era ali. 

Mais fotos:

Uma paradinha para o café da manhã.
Equipos, isotônico, água...
Tesouros do A2


BR 101 vista da via
Depois da hidratação deu até para esboçar um sorriso. Valeu galera!
  










Comentários

  1. Este comentário foi removido pelo autor.

    ResponderExcluir
  2. pOw, fiquei feliz em saber que curtiram a via,Parabéns pela superação...que esta e permanecera registrada no livro de cume lááa em riba.E da uma animada nos meninos que não finalizaram a escalada por motivo de força maior a voltar lá,ok!
    Abraço.
    áh! lembrando que o Raul e o Zé Luiz também não finalizaram a escalada...to achando que a montanha não quer homens lá em cima,rsrs

    ResponderExcluir

Postar um comentário

Leia também...

1º Guia Completo de Vias de Escalada

Objetivo: Travessia das Sete Quedas

Dia da Independência e de Vitória na trip de escalada em Pancas/ES